Como a CBS e o IBS vão impactar a formação de preço e a margem de lucro das empresas?
Compartilhe:
A CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviço) são os pilares da Reforma Tributária, e embora muita gente esteja olhando apenas para suas alíquotas estimadas, o impacto real vai muito além disso.
Para empresas que vivem de margem e competitividade, entender a lógica por trás da CBS e do IBS é uma questão de sobrevivência no mercado.
- A forma de apuração muda completamente
Com a Reforma Tributária, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) terá como base de cálculo o valor da operação, sendo apurada “por fora”, ou seja, o tributo será acrescentado ao valor final do produto ou serviço, e não embutido no preço. Esse modelo torna a tributação mais transparente e facilita a apuração.
Já o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS e o ISS, também será calculado “por fora” e trará mudanças relevantes na base de cálculo. A principal inovação está na tributação no destino o que implica dizer que o imposto será devido no local onde ocorre o consumo final da mercadoria ou serviço.
Na prática, essa mudança inverte a lógica tradicional do planejamento tributário, que hoje frequentemente se baseia em estratégias voltadas à origem da operação. A nova sistemática exigirá revisão dos modelos atuais, especialmente para empresas com operações interestaduais ou presenciais em múltiplas jurisdições.
Outro ponto central é que a CBS e o IBS permitirão a apropriação ampla de créditos financeiros, com exceções previstas em lei. Isso significa que, em regra, todas as aquisições geram crédito, tornando o sistema mais neutro e menos cumulativo.
Essa novo modelo de apuração exige muito mais técnica, conhecimento das novas obrigações assessórias, cruzamento de XMLs, validação de NCMs e uma nova forma de estruturar os setores jurídico, fiscal e contábil.
- Margens podem encolher com o aumento dos custos operacionais
A implementação da CBS e do IBS tende a provocar um aumento efetivo da carga tributária em setores como serviços e comércio, especialmente nas empresas que não estiverem preparadas para absorver e reagir às mudanças.
Esse impacto decorre de uma combinação de fatores, como:
- Extinção do regime cumulativo, que deixará de existir com a CBS;
- Encerramento de regimes especiais de ICMS e ISS, que hoje reduzem a carga para diversos segmentos;
- Alíquota efetiva mais elevada sobre serviços, resultado da base ampla e uniforme do IBS.
Além disso, os novos tributos serão apurados “por fora” e com não cumulatividade plena, o que exigirá maior controle sobre os créditos financeiros ao longo da cadeia produtiva.
As simulações realizadas com nossos clientes revelam efeitos significativos:
- Aumento de custos operacionais, especialmente em empresas com estrutura fiscal pouco otimizada;
- Perda de rentabilidade decorrente da dificuldade em repassar os custos ao consumidor final;
- Distorções na formação de preços, principalmente em cadeias com baixa rastreabilidade ou integração falha entre os setores fiscal e comercial.
Sem uma reorganização tributária e operacional eficaz, muitas empresas podem ver suas margens comprimidas e sua competitividade reduzida.
- Modelos atuais de precificação podem se tornar obsoletos
Com a chegada da CBS e do IBS, as regras de formação de preços exigirão uma revisão estrutural. Muitos negócios ainda utilizam modelos de precificação baseados em regras antigas, que simplesmente deixarão de existir.
Os principais elementos que perdem validade são:
- O cálculo “por dentro”, que será substituído pelo modelo “por fora”;
- A dependência de incentivos fiscais ou regimes setoriais, que serão eliminados ou fortemente restringidos.
Além disso, o IBS introduz a tributação no destino, alterando a lógica geográfica do planejamento tributário — o que exige atenção especial de empresas com operações interestaduais ou estrutura descentralizada.
Essas mudanças impactam diretamente a precificação estratégica, e exigem uma resposta rápida. Sua empresa precisa estar especialmente atenta se:
- Opera com margens apertadas e pouca flexibilidade para repasse de custos;
- Não está preparada para lidar com a nova lógica de créditos da CBS e do IBS;
- Depende de regimes especiais que serão extintos.
- Atua com cadeias de suprimento complexas, que dificultam rastreabilidade e gestão fiscal.
Se essa é a realidade da sua empresa, a revisão da estrutura de precificação ainda em 2025 é essencial para evitar perdas e garantir uma adaptação segura e estratégica ao novo sistema tributário.
- Empresas que não se anteciparem vão perder competitividade
Embora a CBS entre em vigor em 2027 e o IBS tenha transição gradual a partir do de 2028. A Reforma traz a aplicação de alíquotas testes já no ano de 2026. Então 2025 será um ano decisivo de preparação tributária e operacional. As empresas que já estão realizando simulações, revisando processos e reorganizando suas estruturas sairão na frente, com vantagem competitiva concreta frente à concorrência.
A preparação não é apenas desejável, ela será estratégica e inevitável, já que tanto a CBS quanto o IBS:
- Mudam a forma de cálculo dos tributos (por fora);
- Exigem controle rigoroso de créditos financeiros;
- Eliminam regimes e benefícios tradicionais;
- Reorganizam o critério geográfico da tributação, com o IBS sendo cobrado no destino.
Para enfrentar essas transformações, as empresas devem adotar ações coordenadas e imediatas, como:
- Diagnóstico tributário completo, identificando riscos e oportunidades sob a nova lógica;
- Capacitação técnica da equipe, garantindo domínio das mudanças e tomada de decisão consciente;
- Integração entre os setores fiscal, contábil e comercial, evitando distorções, retrabalho e falhas de precificação;
- Atualização dos sistemas, cadastros e ERPs, para assegurar conformidade com as novas regras de apuração e crédito.
Empresas que deixarem para reagir tardiamente enfrentarão um cenário de adaptação forçada, com riscos elevados de perda de rentabilidade, erros fiscais e perda de espaço no mercado.
E agora?
Se a sua empresa ainda não iniciou esse processo, este é o momento ideal para começar.
Na AFL, desenvolvemos um treinamento técnico e estratégico sobre a Reforma Tributária, focado em capacitar equipes e preparar decisões desde já — com conteúdo prático, direto ao ponto e adaptado à realidade de cada negócio.
Quer entender como preparar sua operação?
Fale com nossos consultores e entenda de uma vez por todas qual impacto no seu negócio.
Veja também:
Mais lidos:
-
Reoneração Gradual da Folha de Pagamento – Impactos e Adequação
-
Como a CBS e o IBS vão impactar a formação de preço e a margem de lucro das empresas?
-
Setor de transportes e a reforma tributária
-
Profissionais liberais: o Simples Nacional e o novo modelo híbrido na reforma tributária
-
Reforma Tributária - Desafios e Incertezas para Empresas até 2033